E SE EU, TAMBÉM, FOSSE?
Thelma Regina Siqueira LinharesVou-me embora pra Pasárgada.
E mesmo sendo brincadeira
Vai ser fenomenal!
Pois Manuel Bandeira
Vai mostrar sua obra inteira. Em Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada.
Pois aqui há desigualdade e violência
Ainda,
O Bicho homem cata lixo
Pardalzinho e
Andorinha são aprisionados
Em lagoa poluída
Os Sapos mal coaxam
E
Enquanto a Chuva Cai Viajando n
O Trem de Ferro lotado
Teresa leva
O Menino Doente para o hospital...
E como ficarei feliz
Brincando com
Debussy Lá
Na Rua do SabãoPorquinho-da-Índia come na mão
O Cacto esconde
Os Meninos Carvoeiros E
A Onda me derruba às margens d
O Rio Que parece mar de ressaca
Enquanto
Irene no Céu de lá vem
Trazendo
A Estrela da ManhãPara papear com D. Janaína
Sobre a
Arte de Amar ou
CotoviaVou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Família estruturada
Criança bem educada
Trabalho não falta não
Tem natureza preservada
Flora e fauna respeitadas
E gente feliz de montão!
E quando eu estiver triste
E a
Evocação de Recife for forte
Nada vai aplacar saudade...
Nem a
Paisagem NoturnaNem
O Inútil LuarNem
O Canto de NatalQue com certeza vou cantar...
Então, vou-me embora de Pasárgada.
Uma Viagem para Pasárgada: antologia literária. - Rio de Janeiro: Litteris Ed.. - 2009

Manuel Bandeira - Circuito da Poesia - Rua da Aurora