quarta-feira, 30 de julho de 2008

COMBINAÇÃO IMPERFEITA


COMBINAÇÃO IMPERFEITA (*)

Thelma Regina Siqueira Linhares


Feriado
Mar
Calçadão pra Cooper
Gente bronzeada
Ondas pra surfe

Tudo perfeito

Exceto o sol
que cedeu espaço
pra chuva torrencial...


(*) Publicado em

terça-feira, 29 de julho de 2008

TRÊS ATOS


TRÊS ATOS (*)
Thelma Regina Siqueira Linhares

Roubando o osso
da cesta de lixo...
TICO ladrão.

Assustando a cena
da casa em festa...
TICO leão.

De novo amável
e amigável...
TICO, meu cão.

(*) Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos – vol 34 – março de 2007 – CBJE - RJ

sábado, 26 de julho de 2008

PARA GOSTAR DE LER


PARA GOSTAR DE LER
Thelma Regina Siqueira Linhares

Para mim foi fácil aprender a gostar de ler. Inicialmente, como ouvinte, pelas história lidas por papai Nami e mamãe Ivanice ou contadas por madrinha Getrudes. Reis, rainhas, princesas, fadas e madrinhas conviviam enquanto a menina crescia.
Quando terminei a alfabetização, um presente de peso de papai, veio reforçar o meu aprender a gostar de ler: Reino Infantil,coleção em dez volumes de contos da literatura universal, lido, relido ao longo de toda a infância e adolescência. Com pouquíssimas ilustrações, a riqueza dos textos permitia-me viajar na imaginação, comungando com os autores, o maravilhoso mundo do faz-de-conta.
Ainda na infância, tive acesso a um verdadeiro tesouro: o Tesouro da Juventude, que passou a ser o meu passaporte para o mundo da leitura, agora já mais diversificada e exigente. Conhecer culturas e povos diferentes no tempo e no espaço. Fui apresentada a grandes personalidades humanas de todos os tempos. Poesias, exemplos de belas ações, o livro dos por quês, com certeza, reforçaram muitos valores conservados até hoje.
Na adolescência, um presente de uma tia, semanalmente, era esperado e devorado por olhos e mente ávidas pela leitura. A coleção Conhecer. Numa linguagem atualizada, alguns temas do conhecimento científico eram preferidos: História, Geografia, Ecologia, Folclore, Cultura, Inventos.
Mas um lugar de honra era ocupado por um pequeno grande livro, O Pequeno Príncipe, por anos, meu livro de cabeceira. Em cada leitura uma nova descoberta, uma nova mensagem a partir de outro enfoque, da história quase decorada.
Na juventude, a leitura se modificou. Ficou mais acadêmica. Perdeu um pouco da poesia, do prazer de ler pela própria leitura. O corre-corre do cotidiano, a luta pela sobrevivência diária escassearam os momentos de deleite de leitora. A diversidade de opções para ocupar os momentos de lazer concorriam e, geralmente, venciam a leitura prazer.
O gostar de ler ficou como que encantado... até que um conjunto de fatos novos fizeram-no desencantar. Poderoso. O interesse pelo riquíssimo e variado folclore brasileiro, oportunizando-me novas leituras e permitiram-me experimentar o ofício de escritora. Redigi alguns ensaios sobre temas folclóricos, frutos de muita leitura, metodologia científica e, vivências folclóricas, tão arraigados no comportamento e inconsciente coletivo do povo brasileiro. O nascimento dos filhotes, Sthella e Rodrigo, paralelamente, trouxe de volta o hábito da leitura dos clássicos da literatura universal e nacional. E uma grande descoberta. Como é rica a literatura infantil e infanto-juvenil contemporânea do nosso país! Pensar que só a partir de Monteiro Lobato foi criada a literatura para as crianças, por autores e editoras nacionais... que o/a escritor/escritora, na maioria das vezes, encontra tantas dificuldades para editar seus textos. É mesmo surpreendente a criatividades do brasileiro, a beleza vocabular da língua-mãe, a riqueza do texto, do contexto, do intertexto.
E, um dia, para minha surpresa, estava me iniciando como aprendiz de escritora. Aventurando-me em poesias, crônicas, contos e causos. Timidamente, um tanto escondida na internet, mas vibrando e dando vida à imaginação e ao sonho. Oportunizar sempre e apesar de... contatos da criança com o livro, no lar, na escola... contatos físicos ou virtual com a produção literária, de ontem e de hoje... possibilitar o envolvimento emocional da criança com o/a autor/autora e com o texto, inegavelmente, fará com que o gostar de ler cresça com o/a pequeno/pequena.

(*) Publicado em 11/04/2004 em http://www.usinadeletras.com.br/

sexta-feira, 25 de julho de 2008

O SOL

amanhecer na zona rural em Gravatá / Pernambuco

O SOL
Thelma Regina Siqueira Linhares

Todo dia ele capricha
Seu despertar no horizonte
Silencioso.
Meticuloso.
Generoso.

Rotineiramente,
cumpre seu papel de astro-rei.
Vence trevas.
Incendeia auroras.
Abrasa.
Caustica.
De sol a sol.
Pra quem tem olhos de ver.

Todo dia.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

TÉDIO CIBERNÉTICO


TÉDIO CIBERNÉTICO (*)

Thelma Regina Siqueira Linhares


Incorporado à rotina

de horas amenas

hoje

sinto falta do computador

que infectado

e danificado

me deixou sem net.

Plugando com o vazio

... é o tédio!


(*) Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos. vol 33 - 1ª edição - fev/2007 - CBJE - RJ

sábado, 19 de julho de 2008

DE CARONA



DE CARONA
Thelma Regina Siqueira Linhares


De carona,
na janela,
todo o viver na cidade se avista.
E se agita.
Aqui se completa.
Ali se opõe.
Acolá se contrapõe...

Paradoxal.
Humano.
O viver e o conviver na cidade.
Mesmo quando visto de carona.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

TICO


TICO
Thelma Regina Siqueira Linhares

Tico.
Ele chegou
após muita insistência dos filhotes dela,
em uma caixa de papelão.


Uma bolinha branca.
Felpudo.
Muito vivo.
Muito esperto.
Brincalhão.
De fato, um belo exemplar canino.


Hoje, com certeza, faz parte da família.
E, se no passado,
uma cigana tivesse previsto a sua chegada,
como sugestão,
a idéia de quebrar a bola visionária escutaria...

sábado, 12 de julho de 2008

IX FENEARTE

folder oficial da IX FENEARTE

IX FENEARTE
Thelma Regina Siqueira Linhares

É só até domingo, dia 13 de julho. Do contrário, a espera é de um ano para viver à Fenearte, no Centro de Convenções, em Olinda/PE. Nesta edição de número IX, grandiosa! Não se pode negar. É a maior em stands, em expositores, em negociações e em público. Uma programação pensada para atender diferentes “tribos” e apresentar, numa pitadinha que seja, a rica diversidade cultural do estado anfitrião. Oficinas gratuitas, sob a orientação de alguns mestres-artesãos, propiciam um contato maior entre criador e sua obra e, quem sabe, o incentivo para novos talentos. As 8 (oito) praças, pontos de encontro, estão ambientadas e identificam elementos das quatro áreas geo-socio-econômicas de Pernambuco: Região Metropolitana, Zona da Mata, Agreste e Sertão, além de uma que reverencia o país – nosso Brasil-brasileiro...
Já na entrada, a antecipação da grandiosidade se adivinha através de um imponente tapete vermelho no hall, incluindo as bilheterias. Ladeando, três ambientes se destacam. O primeiro, a grande oca – a maloca – onde os vários povos e etnias indígenas brasileiras expõem seu rico artesanato e apresentam algumas manifestações culturais e folclóricas. Um stand do governo de Pernambuco, com ambientação e divulgação de roteiros turísticos do estado e, por fim, uma sementeira distribuindo mudas da vegetação da Mata Atlântica – um apelo a mais à consciência ecológica.
Passadas as roletas de acesso, ainda sob o piso vermelho, a imponente Praça dos Mestres dá às boas-vindas aos visitantes. Além das obras, da identificação do artesão, bem sinalizada através do nome e foto, é possível encontrar, conversar ou ver trabalhar as mãos de quem faz. No Salão de Arte Popular, após a visualização das obras concorrentes, é possível votar on line naquela peça que mais tocou a emoção. E o labirinto segue ao longo de 24 ruas, onde centenas de stands oferecem de um quase tudo que as mãos e a criatividade podem materializar.
No mezanino/1º andar, catorze ambientes ampliam a Fenearte. Destacando-se a Galeria de Reciclados, também com votação popular, a Oficina de Reciclados e o Museu de Arte Popular.
Na Praça de Eventos e Alimentação, encontra-se o final do labirinto da IX Fenearte. Entre comes e bebes, shows com artistas e brincantes dão um colorido especial e recuperam qualquer cansaço. E deixa, na saída, o gostinho de quero mais.
Em resumo, as breves impressões de quem curte a Fenearte como a grande vitrine do artesanato e da cultura popular, que valoriza e oportuniza ao artesão conhecido ou anônimo, o tratamento que ao artista plástico, normalmente, é dispensado.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

LUZ DIVINA




LUZ DIVINA (*)
Thelma Regina Siqueira Linhares

Para quem tem olhos
emocionante vê-la
esculpindo na madeira lindos golfinhos
usando apenas o tato
reproduzindo bichinhos
que, com certeza,
seus olhos nunca viram.

Para quem tem olhos de ver
emocionante vê-la
e enxergar mais que a artesã
exemplo de vida
de uma jovem mulher
outrora só menina
do sertão pernambucano
de Petrolina.


(*) Marinalva Rufino é artesã de Petrolina/PE.

Publicado na Folha de Pernambuco, em 15/09/2006.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

CONTRASTES

CONTRASTES
Thelma Regina Siqueira Linhares

Borboleteando
no jardim florido
vão multicolorindo a paisagem.
Enquanto eu
pés no chão
e pensamentos ao vento
mal consigo acompanhar
o alado frenesi.