domingo, 28 de fevereiro de 2010

A FEIRA DE GRAVATÁ


A FEIRA DE GRAVATÁ (*)
Thelma Regina Siqueira Linhares

Passear em feira livre é sempre uma experiência social fantástica. Especialmente, em cidade que tem nela a tradição cultural e turística, como acontece em Caruaru/Pe e sua cantada Feira de Caruaru, que “tem de tudo pra gente vê” e comprar. Mas, é a Feira de Gravatá/PE, o foco desta crônica.

No período de julho a setembro deste ano (2006), nas várias idas àquela cidade, desfrutei de momentos de alegria e curtição, ao lado da minha família. Muitas fotos registraram as singularidades e belezas do lugar, além da emoção e sentimento vivenciados, congelados nos flashs da digital. Nesta crônica, alguns detalhes daqueles passeios na Feira de Gravatá, pois não queria esquecê-los...
O esplendor da Feira de Gravatá acontece todo sábado, quando se derrama por várias ruas do centro daquela cidade do Agreste pernambucano. E há de quase tudo. Organizada por setores, são várias feiras em uma só. Tem o troca-troca, a sulanca, os calçados, as panelas e jarros em barros, as utilidades domésticas, as flores, os cereais, as frutas e as verduras. Sons, cores, cheiros e sabores se misturam quase na mesma proporção do vai-e-vem incessante de muitos transeuntes, que se revesam nas horas em que dura a feira.


Casais e até famílias inteiras retiram da feira seu sustento. A barraquinha é seu trabalho. Às vezes, tradição de gerações. Chama atenção, pela simplicidade, a banquinha de “Seu” Nado Folheteiro, que vende literatura de cordel. O carrinho de mãos, cheio de frutas de barro e ocupando pequeno espaço, também, vende. Mas há bancas grandes, em especial, as da sulanca, de sapatos e utensílios domésticos. E, em toda a feira, o clima serrano, que dá à Gravatá o título de Suíça Brasileira, ameniza o calor, mesmo nas horas mais quentes do dia.

Adolescentes e crianças, com carrinhos de mão, disponibilizam serviço de frete das mercadorias compradas. Os vendedores e vendedoras oferecem seus produtos através de pregões, da presença solícita para um bom atendimento ou, simplesmente, na base da conversa. A variante lingüística chama atenção do visitante. É possível, então, comprovar o que Manuel Bandeira já dizia no poema Evocações do Recife e, certamente, vale para os vários cantos do Brasil:
“A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil...”


Na feira, a diversidade cultural do nosso país continental fica mais evidente. E a Feira de Gravatá, além de um real exemplo, é um bom roteiro turístico. Inesquecível!


Novos Talentos da Crônica Brasileira - vol 6 - Br Letras/CBJE - RJ - dez/2006

Um comentário:

Anônimo disse...

Thelma Regina, é bom chegar em casa e aportar em sua página para agradecer duplamente a sua corrente de fé e a beleza dessas imagens de feira. É preciso mantermos sempre a alma saudável e alegre para suportar momentos como passamos. Agora dividimos orações aos que lá ficaram e outros que retornam para lá, pois é onde têm a família e os amigos. De minha parte, obrigado pela presença constante que você tem feito. Abraços do Peter