segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Lembrando Mamãe Ivanice

Há algum tempo venho avaliando a imagem que tinha 
de mamãe Ivanice sempre tristonha e, quase sempre, deprimida. 
O que motiva essa reavaliação é simples: 
os frevos cantados por Claudionor Germano, 
da autoria de Capiba, entre outros:
Ai! se eu tivesse!
É de amargar
Manda embora essa tristeza
A pisada é essa
Quando se vai um amor
Gosto de te ver
Linda flor da madrugada.

Ao escutá-los, em especial nos dias de Momo, não tem como não me lembrar dela cantarolando...


Como ela está atormentada!... 

Não tanto pela idade - tantos há que com 75 anos estão lúcidos, ativos, felizes! 

Muito mais pela doença depressiva, que, ao longo de sua vida, foi se instalando, variando em aspectos, durabilidade e freqüência. 

Infelizmente, nos últimos anos, tendo sido a mais constante característica de seu existir. 

E como acarreta sofrimentos! Para ela própria e para todos que convivem com ela no seu dia-a-dia. 

Na juventude, já mãe, era a típica do lar. 

Depois, viúva, teve que arcar, sozinha, com a educação de duas filhas, ainda, crianças. Dedicada, embora não soubesse demonstrar a afetividade através de gestos e carinhos. 

Na maturidade, começam a aparecer as primeiras manisfestações da depressão, com mudanças bruscas de humor, cada vez mais frequentes. 

O tempo vai passando numa sucessão contínua de dias, meses e anos, que, vivenciado se materializa, se torna palpável, sofrível. 

Agora, na velhice, mamãe já não sonha. Vive atormentada por pesadelos imaginários, que agitam e entristecem seu cotidiano.

www.usinadeletras.com.br  Thelma Regina Siqueira Linhares 
Crônicas Atormentada 27/01/2002 

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