Há algum tempo venho avaliando a imagem que tinha
de mamãe Ivanice sempre tristonha e, quase sempre, deprimida.
O que motiva essa reavaliação é simples:
os frevos cantados por Claudionor Germano,
da autoria de Capiba, entre outros:
Ai! se eu tivesse!
É de amargar
Manda embora essa tristeza
A pisada é essa
Quando se vai um amor
Gosto de te ver
Linda flor da madrugada.
Ao escutá-los, em especial nos dias de Momo, não tem como não me lembrar dela cantarolando...
Como ela está atormentada!...
Não tanto pela idade - tantos há que com 75 anos estão lúcidos, ativos, felizes!
Muito mais pela doença depressiva, que, ao longo de sua vida, foi se instalando, variando em aspectos, durabilidade e freqüência.
Infelizmente, nos últimos anos, tendo sido a mais constante característica de seu existir.
E como acarreta sofrimentos! Para ela própria e para todos que convivem com ela no seu dia-a-dia.
Na juventude, já mãe, era a típica do lar.
Depois, viúva, teve que arcar, sozinha, com a educação de duas filhas, ainda, crianças. Dedicada, embora não soubesse demonstrar a afetividade através de gestos e carinhos.
Na maturidade, começam a aparecer as primeiras manisfestações da depressão, com mudanças bruscas de humor, cada vez mais frequentes.
O tempo vai passando numa sucessão contínua de dias, meses e anos, que, vivenciado se materializa, se torna palpável, sofrível.
Agora, na velhice, mamãe já não sonha. Vive atormentada por pesadelos imaginários, que agitam e entristecem seu cotidiano.
www.usinadeletras.com.br Thelma Regina Siqueira Linhares
Crônicas Atormentada 27/01/2002
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