quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

sábado, 26 de dezembro de 2009

EDVALDO


Eu te amo! Há
Décadas nos encontramos e a
Vida nos uniu. Com
Amor uma família e um
Lar construímos.
Dedicação, companheirismo e amizade.
Ontem, hoje e sempre.

Parabéns! Salve 25/12/2009!

domingo, 20 de dezembro de 2009

NATAL TODO DIA - cartão natalino 2009


NATAL TODO DIA
Thelma Regina Siqueira Linhares

Que bom seria
Natal todo dia!
E o próximo tratar
com atitudes amáveis
e sentimentos fraternos.
Não-violência e paz
lemas e temas
somente
de janeiro a dezembro
... ininterruptamente.

Os mais belos textos de Natal - CBJE / RJ - Edição 2009.

sábado, 5 de dezembro de 2009

para Sthella


S saúde
T te desejo
H hoje e sempre.
E esperança e determinação.
L luz, muita luz a te guiar.
L lembranças e momentos felizes.
A amor! Paz! E realizações!

Feliz 02/12/2009!

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

AMAR É... (1)


AMAR É... (1)
Thelma Regina Siqueira Linhares

Amar é
acordar com o amado na segunda-feira
com a alegria do domingo.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

É lá que eu quero morar


É LÁ QUE EU QUERO MORAR
Thelma Regina Siqueira Linhares

Há um lugar em que eu quero morar.
Não no último andar feito Cecília.
Ao contrário:
plano, pés no chão, entre montanhas.
Onde o nascer do sol é sempre um espetáculo!
Lindo!
Onde o horizonte vislumbrado é mais extenso.
Amplo!
Onde o orvalho encobre paisagens... surpreendendo.
Esse lugar em que eu quero morar
tem nome de paraíso nas terras de Gravatá.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

E A ERA DE AQUARIUS?


E A ERA DE AQUARIUS?
Thelma Regina Siqueira Linhares

O que fizemos da
Era de Aquarius
quando a lua refletia a paz e o amor
tão almejados?
Defendidos a duras penas
- seculares -
Movimentos modernistas
e feministas.
Igualdade!
Cidadania!
Não-violência!

... O que fizemos da Era de Aquarius?...

Com certeza
não foi somente
pra embranquecer os cabelos
ou perdê-los...


(Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - Vol. 31 - CBJE - RJ/2006)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

CONTEMPLAÇÃO


CONTEMPLAÇÃO
Thelma Regina Siqueira Linhares

As nuvens passam...
No ar sons de pássaros
e sons urbanos se propagam.
E em meus sons: silêncio!
Silencio.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

ENCONTRO



ENCONTRO
Thelma Regina Siqueira Linhares

De mãos dadas
musicalidade e lembranças
me encontram.

(Concorrente ao 2° Prêmio Literatura no Celular, 2009, da V FLIPORTO / PE.
por 818816XXXX / Cód. COD0042 (5 votos)

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

BUSCA

(artesanato de autoria desconhecida, na FEBRARTE 2005)


BUSCA
Thelma Regina Siqueira Linhares

No caminhão
pertences, lembranças, vidas desarRumadas...
Na chegada, recomeço.


(Concorrente ao 2º Prêmio Literatura no Celular, 2009, da V FLIPORTO / PE.
por 818697XXXX / Cód. COD0039 (4 votos)

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

CHARADA


CHARADA
Thelma Regina Siqueira Linhares

Na t(h)ela pinta o mar.
Gina caminha pra frente e de ré
buscando rumos.

Descobriu o nome?

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Entardecer na praia


livro artesanal Poesias/Prosas, pelo Programa Multicultural do Recife, oficina literária do 7º Festival Recifense de Literatura - A letra e a voz

Entardecer na praia
Thelma Regina Siqueira Linhares

Inicialmente
murmúrio, barulho...
será rio ou fonte?
Depois,
mais intenso
imenso
sim é ele:
o mar.
Agora,
caminhando ao seu encontro
pegadas na areia vou deixando.
Mais forte o grito do mar
pássaros voam
sobre a areia molhada...
(sobre o mar, suas ondas e marolas)
Enquanto eu, com pés molhados,
cabelos ao vento,
sinto na pele o sol... indo embora.


lançamento do livro artesanal Poesias/Prosas na 7ª Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, em 12/10/2009

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Sem Preconceito


quadrinho bordado por Sthella

SEM PRECONCEITO
Thelma Regina Siqueira Linhares

Do alto
de um quinto andar,
sentindo a brisa do vento,
ela observava um gatinho
que, qual criança curiosa, pulava de um lado para o outro
- pulava é bem o termo
em virtude dos seus movimentos bruscos
de ir e vir.

Em dado momento escondeu-se da visão dela
que ficou imaginando o quadro de suas brincadeiras intermináveis...
Com certeza, pensou, ele estava vivendo o tempo
sem saber dos preconceitos que o cercam
- era preto
mas, não conhecia o azar... -

... Estava vivendo momentos de sua imaturidade animal.

www.uisinadeletras.com.br 05/10/2002

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

MEU TICO


MEU TICO
Thelma Regina Siqueira Linhares

Já tão frágil
dói tanto vê-lo
envelhecendo rapidamente.
Enquanto a vidinha felpuda
querida
vai ficando cada vez
menos...
Só no coração se amplia.


15/09/2009

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

E SE EU, TAMBÉM, FOSSE?


E SE EU, TAMBÉM, FOSSE?
Thelma Regina Siqueira Linhares


Vou-me embora pra Pasárgada.
E mesmo sendo brincadeira
Vai ser fenomenal!
Pois Manuel Bandeira
Vai mostrar sua obra inteira. Em Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada.
Pois aqui há desigualdade e violência
Ainda, O Bicho homem cata lixo
Pardalzinho e Andorinha são aprisionados
Em lagoa poluída Os Sapos mal coaxam
E Enquanto a Chuva Cai
Viajando nO Trem de Ferro lotado
Teresa leva O Menino Doente para o hospital...

E como ficarei feliz
Brincando com Debussy
Na Rua do Sabão
Porquinho-da-Índia come na mão
O Cacto esconde Os Meninos Carvoeiros
E A Onda me derruba às margens dO Rio
Que parece mar de ressaca
Enquanto Irene no Céu de lá vem
Trazendo A Estrela da Manhã
Para papear com D. Janaína
Sobre a Arte de Amar ou Cotovia
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Família estruturada
Criança bem educada
Trabalho não falta não
Tem natureza preservada
Flora e fauna respeitadas
E gente feliz de montão!

E quando eu estiver triste
E a Evocação de Recife for forte
Nada vai aplacar saudade...
Nem a Paisagem Noturna
Nem O Inútil Luar
Nem O Canto de Natal
Que com certeza vou cantar...
Então, vou-me embora de Pasárgada.

Uma Viagem para Pasárgada: antologia literária. - Rio de Janeiro: Litteris Ed.. - 2009


Manuel Bandeira - Circuito da Poesia - Rua da Aurora

sábado, 19 de setembro de 2009

FALAÇÃO DE CRIANÇA


FALAÇÃO DE CRIANÇA
Thelma Regina Siqueira Linhares

Falação de criança
é coisa engraçada.
E complicada.
Haja imaginação.
E haja falação:
Caçapete - capacete.
Pigulito - pirulito.
Bóia - bola.
Apitocado - abilolado, abestalhado...

Como é fascinante a aprendizagem
da língua-mãe!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Tempo


Tempos
Thelma Regina Siqueira Linhares


Lá fora: sol.
Aqui: frio artificial.
No ar: poesia.

domingo, 13 de setembro de 2009

NãO ENTENDEMOS

... quando só querer é insuficiente...

NãO ENTENDEMOS
Thelma Regina Siqueira Linhares

Tão pouco o que pediam
ao relento:
água, comida
... nem carinhos...
E tudo foi tirado!
filhotinhos...
depois...
as próprias vidas
que diziam ser 7...
Mentira.
M e n ti r a !
Agora, saudades:
Mãe, Branquinha – prenhas.
E Benedita Flor.

(09/09/09)

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

descobrindo BAOBÁS

ACRÓSTICO GIGANTESCO
Thelma Regina Siqueira Linhares

Belo vegetal!
Alta árvore resistente.
Onde o olhar alcança o todo e
Braços se juntam para
Abraçar, coletivamente, um robusto tronco.


Como Olinda conseguiu me esconder o belo baobá que fica perto do Fortim do Queijo?! Forte, imenso, com certeza, centenário. Protegido por um gradil, estende seus galhos para o alto, para o mar, para as colinas da cidade histórica. Lindo!

Já na lagoa do Araçá, a descoberta de um baobá me trouxe inquietação. O exemplar está completamente vulnerável às ações de vândalos. Pixações e gravações em seu tronco alcançam mais de dois metros de altura. Suas raízes estão expostas, espremidas pela calçada. Pertinho de um dos piers, disputa com outro vegetal a luminosidade do sol. Mais espaço e proteção para se desenvolver plenamente são necessários.


Nas imediações da Academia da Cidade, no bairro da Torre, há poucos anos foi plantado esse baobá. A cerca de madeira protetora e um abraço floral circular completam o espaço na praça que acolheu o pequeno vegetal.


Esse pequeno baobá está na Avenida Agamenon Magalhães, nas proximidades do viaduto João de Barros, sentido Olinda/Recife. Está completamente vunerável! E é tão tenro, ainda...




BAOBÁS
Thelma Regina Siqueira Linhares

Belos baobás
alguns centenários
outros árvores tenras
que enfeitam
praças e parques da cidade do Recife.

Beleza vegetal
que a mãe-natureza
gerou na distante mãe-África
como símbolo de vida e resistência.

Majestade vegetal
à tua serenidade e fortaleza
rendo meu olhar embevecido.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

CACOS PRA TODO LADO


CACOS PRA TODO LADO
Thelma Regina Siqueira Linhares

Thelma Regina devia ter uns sete anos e estava feliz por participar das comemorações das bodas de ouro, dos avós maternos - Branca e João - quando protagonizou um contra-tempo de última hora.
A louça, já lavada para a recepção do almoço, estava empilhada em uma mesa de pé único, central.
A menina, curiosa, apoiou-se numa ponta da mesa e, rapidamente, tudo foi ao chão. Um barulho enorme. Incontáveis cacos de louça pelo chão e uma correria maior para repor pratos e travessas.


É DE CRIANÇA
falação, travessuras, causos, etc. e tal
www.usinadeletras.com.br 24/02/2002

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

COMBINAÇÃO IMPERFEITA


COMBINAÇÃO IMPERFEITA
Thelma Regina Siqueira Linhares

Feriado
Mar
Calçadão pra Cooper
Gente bronzeada
Ondas pra surfe

Tudo perfeito

Exceto o sol
que cedeu espaço
pra chuva torrencial...

www.usinadeletras.com.br em 03/04/2004

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

CONSELHO


CONSELHO
Thelma Regina Siqueira Linhares

Manhãs de domingo.
Pra que trabalhar? Pernas pro ar...
Lembrando Ascenso.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

thelMARegina


thelMARegina
Thelma Regina Siqueira Linhares

encontrei o mar
brincando com meu nome
... sereia... eu?!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

VALEU A PENA!


VALEU A PENA!
Thelma Regina Siqueira Linhares

Na selva de pedras
entre fios emaranhados e concretos decadentes
mãos sensíveis ou saudosas
ousaram quebrar a aridez urbana
ousaram artificializar a natureza.

E, para encanto dos olhos e coração dela,
naquele canto de rua
- inesperadamente -
uma explosão de vida
alada e multicolorida
sugou o néctar
em mais um entardecer.

www.usinadeletras.com.br em 06/07/2009

sábado, 4 de julho de 2009

Quartas às Quatro - Antologia da UBE PE


QUARTAS ÀS QUATRO
Thelma Regina Siqueira Linhares

Quartas às quatro:
Encontro marcado
com a cultura
com a sensibilidade
com a poesia.
Encanto.

Quartas às quatro:
Encontro marcado
com a emoção
das palavras rimadas ou não
nas vozes dos poetas.
Saraus.

Quartas às quatro:
Encontro marcado
com a literatura
valorizada pelo canto de pássaros
pelo sol ao entardecer
por nuvens e tempo que passam...
Inexoravelmente.

Quartas às quatro:
Encontro marcado
que promove amizades
que recria a vida
que fortalece a alma.
Oásis.

O lançamento da Antologia Programa Quartas às Quatro, organizada por Geraldo Ferraz, através da Novo Estilo Edições do Autor, ocorreu no Gabinete Português de Leitura em 01/07/2009, com a presença de muitos dos 68 escritores/escritoras participantes. O Quartas às Quatro acontece, semanalmente, na UBE PE/União Brasileira de Escritores – Pernambuco e aberto ao público. O endereço é Rua Santana, 220 – Casa Forte – Recife/PE (81 34417488)

sábado, 30 de maio de 2009

CICLO JUNINO


CICLO JUNINO
Thelma Regina Siqueira Linhares

O mês de junho, para o nordestino, é um período de muita alegria e festança, pois é vivenciado o ciclo junino, entre fogueiras, fogos, comidas típicas e muito forró.
Esse ciclo, juntamente com o carnavalesco e o natalino, constituem as três principais temáticas das manifestações de festejos populares do Brasil, cada qual com suas peculiaridades e características.
Para alguns estudiosos, o ciclo junino se inicia em 19 de março, dia dedicado a São José e ao plantio do milho, a base da culinária típica junina – com receitas de dar água na boca... Para o sertanejo e adepto da meteorologia popular, derradeira data para prever um bom inverno (chuvoso) ou seca inclemente. Promessas, rezas e procissões acontecem para pedir chuvas fartas e benfazejas, tendo o pai adotivo do menino Jesus por mediador. Mas é em junho, que a religiosidade popular, herdada pelo branco europeu colonizador, extrapola os muros das igrejas católicas e atinge a comunidade em toda a sua plenitude, atestando a popularidade dos santos entre os brasileiros. Inúmeros Antônio, João e Pedro nos nomes próprios, nas localidades, nos pontos comerciais, etc., testemunham o carisma dos santos juninos (de junho) ou joaninos (de João), ainda hoje.


OS SANTOS DO CICLO JUNINO
Santo Antônio é comemorado no dia 13 de junho sendo a sua véspera considerada o dia dos namorados.
Ele nasceu em Lisboa, em 15 de agosto de 1195 e faleceu 35 anos depois, em Pádua, Itália.
Participou de missões em Marrocos. Lecionou Teologia em universidades italianas e francesas, adquirindo reputação de orador sacro. Foi canonizado pelo Papa Gregório IX, menos de ano após sua morte e considerado Patrono de Portugal e de Pádua.
Os portugueses trouxeram para a colônia além-mar a devoção a Santo Antônio. Em Pernambuco, em 1550, a ele foi erguida uma capela, que deu origem ao primeiro Convento Carmelita no Brasil: Convento de Santo Antônio do Carmo. No sincretismo religioso, Santo Antônio é confundido com os orixás guerreiros Oxosse, Ode e Ogum.
A trezena de Santo Antônio é rezada nos primeiros treze dias do mês. Muita reza, promessas e procissões. Mas a devoção ao santo é sentida no ano inteiro. É o achador das coisas perdidas. O casamenteiro. Ao longo de mais de oitocentos anos de devoção, Santo Antônio vem sofrendo toda a sorte de pressão para fazer jus ao título de santo casamenteiro: ser pendurado de cabeça para baixo, ter o Menino Jesus roubado de seus braços, voltar ao nicho ( altar) só após a realização do pedido amoroso. Desempenhou, ainda, papel importante nas milícias brasileiras, particularmente, nos séculos XVIII e XIX, chegando a ocupar patentes diversas e a receber o soldo correspondente em alguns Estados (antigas províncias brasileiras).

São João é o mais popular dos santos juninos. À exceção da Virgem Maria e do menino Jesus, é o único santo comemorado no dia do seu nascimento – 24 de junho. Filho de Zacarias e Isabel, prima de Maria, mãe do Filho de Deus. Seu nascimento e missão foram anunciados pelo anjo Gabriel e, quando nasceu, esse fato foi comunicado, conforme combinação, por uma fogueira. Também chamado de o Batista, pois batizou Jesus no Rio Jordão foi, também, seu precursor, pregando antes Dele, anunciando-O.
Morreu degolado, por ordem de Herodes Antipas, a pedido de sua enteada Salomé.
Uma de suas representações é a de São João do Carneirinho, menino, ainda.
No sincretismo religioso, São João é o orixá Xangô.
Segundo uma das muitas lendas, São João deve permanecer dormindo na noite de 23 para 24, apesar de toda a festança e foguetório aqui na Terra, pois, do contrário, provocaria o fim do mundo por fogo...

São Pedro
é festejado em 29 de junho. Foi um dos doze apóstolos escolhido por Jesus para ser o fundador da Igreja Católica “Segue-Me e farei de ti um pescador de homens.” Foi o primeiro Papa da Igreja Católica Romana.
Nasceu na Galiléia e foi pescador. Também conhecido por Simão, Simão Pedro e Simão Barjona. Morreu crucificado, pregado de cabeça para baixo, a seu pedido, por se considerar indigno de morrer como Jesus Cristo.
Nos cultos afro-brasileiros tem um correspondente nos orixás Exu ou Legbá. Popularmente é o chaveiro do céu, aquele que recebe as almas dos recem-falecidos. É o protetor dos pescadores e das viúvas, por ter tido este estado civil.

São Paulo, também, é festejado no dia 29 de junho. Cidadão romano, Saulo foi um perseguidor ferrenho e cruel dos primeiros cristãos, até o dia em que, na estrada de Damasco, ouviu a voz de Jesus, convertendo-se, então. Foi decapitado por uma espada.


TRADIÇÕES JUNINAS
Algumas tradições juninas, tão difundidas no passado, podem ser classificadas como ecologicamente incorretas e alvo de campanhas conscientizadoras e, até, proibitivas. Por exemplo, queima de fogos, uso de fogueiras, soltura de balões, tiros de bacamartes, guerra de lanças, etc. Além de muito prejudiciais ao meio-ambiente podem ser, igualmente, ofensivas a quem brinca com fogo...

Fogueira
Nos bairros mais populares, por volta das 18:00 horas, se inicia o ritual de acender as fogueiras, na véspera dos três grandes dias: 13, 24 e 29 de junho. Reza a tradição que a fogueira deve ser feita por sete anos consecutivos, pois do contrário, o responsável pode ter problemas de saúde e até morrer...
A fogueira foi incorporada ao folclore junino como aviso de que São João Batista havia nascido, embora na Antiguidade, em festas pagãs diversas, o uso de fogueiras e fogo fosse prática comum e difundida.

Fogos
Os fogos constituem outro ítem característico do ciclo junino. Bombas, “peido de véia”, diabinhos, vulcões, estrelinhas, rojões enfeitam e poluem o ar com muita fumaça e barulho durante as festas juninas. Alertas são divulgados na imprensa para minimizar a exposição com fogos, que, infelizmente, aumenta as estatísticas de queimados em hospitais durante o período festivo.

Balões
Talvez sejam os balões uma das características mais cantadas e decantadas em versos de poetas e compositores da MPB – música popular brasileira. No entanto, eles estão sendo batidos de frente, em múltiplas campanhas governamentais, pois podem causar acidentes em aviões, provocar incêndios em matas e reservas florestais, entre outros danos.

Bacamarteiros
Tradição decorrente da Guerra do Paraguai (1865) quando as descargas de artilharia das granadeiras eram usadas para anunciar as vitórias ou assustar os inimigos. Posteriormente, as armas foram adotadas pelos cangaceiros e jagunços dos sertões nordestinos e, mais tarde, incorporado ao folclore dos ciclos junino e natalino, nas exibições coletivas.
Os atiradores de bacamarte, fardados, são divididos em batalhões, sob a direção de um comandante, exibindo com valentia, o poder de fogo de seus bacamartes – armas de fogo de cano curto e largo.

Bandeirinhas e Correntes de papel ou plástico
São tradições juninas usadas para compor o ambiente dos arraiais – os arraiá - que podem ser adaptados numa rua, num quintal, numa quadra ou, até, em uma sala-de-aula. Com certeza, mais inofensivos que os poderosos fogos.

Adivinhações e Simpatias
As adivinhações e simpatias constituem um capítulo especial do ciclo junino.
Os utensílios usados devem ser virgens, isto é, nunca usados. A fé da pretendente e a observância das orações e rituais são importantes. A oração da Salve Rainha, até nos mostrai é uma das mais usadas.
As adivinhações e simpatias devem ser feitas a partir das 18:00 horas da véspera dos dias dos três santos juninos. Jovens casadouras, buscando vislumbrar o futuro amoroso, fazem uso de crendices e superstições diversas, testadas ao longo de séculos. Por exemplo:
Em uma bacia virgem, com água, derramam-se pingos de vela rezando a Salve Rainha, até nos mostrai. Os pingos da vela irão formar as iniciais do nome do futuro namorado.
Segura-se um fio de cabelo com uma aliança sobre a boca de um copo virgem rezando-se a Salve Rainha até nos mostrai. Tantas vezes a aliança bater na borda do copo, tantos anos para o casamento.
A moça escreve o nome de seis rapazes que conhece, em papeizinhos dobrados e guardados embaixo do travesseiro, quando for dormir. Aquele rapaz com quem sonhar será o namorado esperado.

Oração
Salve Rainha, mãe de misericórdia, vida, doçura e esperança nossa, salve! A vós bradamos, os degredados filhos de Eva. A vós suspiramos, gemendo e chorando, neste vale de lágrimas.
Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos, a nós volvei e depois deste desterro mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre, ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria.
Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Amém.

Comadre e compadre de fogueira
Há algumas décadas era considerado prá valer as comadres e compadres de fogueira. De mãos dadas, pulavam a fogueira, enquanto diziam:
São Pedro disse
Santo Antônio confirmou
Vamos ser comadres (compadres)
Que São João mandou.

Acorda Povo
Corresponde a uma procissão religiosa, acompanhada de dança. Saindo na madrugada do dia 23, desperta e convoca o povo para os festejos do padroeiro – São João.

Bandeira de São João
Corresponde a uma procissão religiosa, acompanhada de dança, instrumentos de percussão ou uma bandinha. Levando à frente uma bandeira de pano, com a imagem de São João do Carneirinho, uma estrela e um andor. Sai nas primeiras horas da noite do dia 23, percorrendo várias ruas. Muita oração e cantoria durante o cortejo.


DANÇAS E FOLGUEDOS JUNINOS
Quadrilha
A quadrilha matuta ou tradicional tem suas origens no século XIX nos salões franceses. Muitos comandos e passos, inclusive, denunciam tal herança: anavantur, anarrié, balancê, entre outros termos.
As matutas usam vestidos rodados, de chitão florido, muitas fitas e rendas. Chapéu de palhas, trancinhas, muitas pintas no rosto, tênis ou sandálias de couro. Os matutos vestem calças jeans remendadas com vários pedaços de pano, que pode, ou não, ser o mesmo da camisa de mangas compridas, xadrez. Lenço vermelho amarrado no pescoço. Bigode e costeletas pintados. Chapéu de palha. Tênis ou sandália de couro. Cachimbo na boca ou no bolso da camisa.
Os pares, em número par, são dispostos em duas filas, ficando vis a vis com o par da frente. Mas há momentos de se dançar em círculo, de par, no grande grupo. Túnel, galope, passeio dos namorados, a chuva, grande roda, desfile são alguns dos passos da quadrilha matuta.

A quadrilha estilizada é disposta diferente. Traz coreografia própria e uma miscelânia de músicas populares e de hits da atualidade. Quase sempre concorrem a prêmios patrocinados pela mídia televisiva – os famosos concursos de quadrilha junina. Os matutos e as matutas vestem-se a partir de uma temática única e definida previamente. Tudo com muito brilho, cetim e fazendas caras. Algumas figuras são indispensáveis no figurino: o casal de cangaceiros, a cigana, e a sinhazinha.

Casamento Matuto
O casamento matuto é um momento de apoteose da quadrilha. Presente tanto na quadrilha matuta quanto na quadrilha estilizada. A história tem basicamente o mesmo roteiro. Os noivos têm nomes compridos, extravagantes, dúbios... e o casamento tem que acontecer porque a noiva não é mais virgem, está gestante e seus pais pressionam o noivo fujão para reparar o mal feito... As autoridades – delegado, polícia e padre – caçam o noivo. O bêbado se faz presente antecipando comemorações... No final, o sim é dito para alegria dos convidados – os pares da quadrilha – e os expectadores da brincadeira. As quadrilhas mais poderosas chegam a trazer carroças festivamente decoradas por bandeirolas de papel.

Xaxado
Para alguns estudiosos, o xaxado, dançado por homens, se originou no sertão pernambucano, podendo até ter sido inventado por Lampião e seus cangaceiros... Certo é que os cangaceiros foram os grandes divulgadores desta dança, nas terras nordestinas.
Dançado em círculo ou em fila indiana, o som das alpercatas de couro, arrastadas no chão, deu-lhe ritmo e nome. Zabumbas, pífanos, triângulos e sanfonas foram, gradativamente, dando suporte musical ao xaxado, enquanto, as mulheres passaram a ser parceiras.

Bandas de Pífano
Conjunto instrumental de percussão e sopro tradicional dos sertões nordestinos, principalmente, Pernambuco, Paraíba e Ceará. O nome vem de pífano – antigo flautim militar, que marcava o ritmo da marcha das tropas.
Mestre Vitalino, artesão de Caruaru e que fez escola, em meados do século passado, popularizou a banda de pífano, entre os muitos motivos trabalhados no barro.


Xote, Baião e Forró
Para os músicos e especialistas, xote, baião e forró são ritmos distintos, com características e peculiaridades próprias. Para o povo, especialmente, nas noites de junho, o importante é a alegria que vem desses ritmos, gostosamente dançados, agarradinho... Se houver sanfona, triângulo e zabumba, então, o forró pé-de-serra é melhor ainda!
Extrapolando o período junino, o forró conquista e mantém posição de destaque como música e dança no cenário da MPB.

Luiz Gonzaga
O pernambucano do século, eleito por votação em 2001, é a personificação dos ritmos musicais que mais caracterizam o ciclo junino. Inúmeras canções, incorporadas ao cancioneiro popular e aos hits do passado, são cantadas e tocadas em todos os arraiais festeiros de junho.


COMES E BEBES JUNINOS
A culinária junina é outra característica fundamental deste ciclo, que tem o milho por base e herança herdada dos povos indígenas das Américas. Inúmeras receitas consagraram-se e atestam a miscegenação das raças formadoras do povo e cultura brasileira. Milho assado ou cozido, pamonha, canjica, bolo-de-milho, pé-de-moleque, bolo de macaxeira, bolo de batata-doce, bolo Souza Leão e outras gostosuras. É de deixar água na boca e alguns quilinhos a mais, felizmente, queimados pela energia desprendida no forró, quadrilhas, xaxado e ciranda...

Canjica Pernambucana
Ingredientes:
25 espigas de milho verde
1 xícara de leite de coco grosso
4 litros de leite de coco ralo
3 xícaras de açúcar refinado
1 colher de sopa de manteiga
1 colher de sopa rasa de sal
1 xícara de chá de erva-doce
50 gramas de queijo de manteiga ralado (opcional)
Modo de fazer:
Ralar as espigas e lavar a massa com parte do leite ralo em peneira finíssima. Passar no liquidificador. Juntar o resto do leite ralo e levar ao fogo, mexendo com colher de pau. Depois de meia-hora de fervura, acrescentar os outros ingredientes e, por último, o leite grosso. Cozinhar em fogo médio, mexendo sempre. Despejar em pratos, polvilhando com canela em pó.

Pé-de-moleque
Ingredientes:
1 quilo e meio de massa de mandioca
2 cocos
600 g de açúcar refinado
5 g de cravo torrados
5 g de erva-doce torrada
1 litro d’água quente
300 g de castanhas de caju torradas e moídas
100 g de castanhas de caju torradas (inteiras)
2 gemas
1 colher de sopa de manteiga derretida.
Modo de fazer:
Preparar a massa, lavando-a bastante para tirar o azedo. Em seguida, espremer e pesar 1 quilo de massa. Retirar o leite dos cocos com toda a água e juntar à massa e aos demais ingredientes. Por numa forma untada e levar ao forno quente.

Bolo de Macaxeira
Ingredientes:
1 quilo de macaxeira crua ralada ou passada no liquidificador
1 coco ralado
½ litro de leite
1 colher de sopa de manteiga
açúcar a gosto
Modo de fazer:
Misturar tudo e levar ao forno médio em forma untada.


Conclusão
O ciclo junino, enquanto manifestação folclórica e popular, proporciona momentos felizes num presente e, com certeza, gratas lembranças dum passado bom de se recordar. A criançada, pela euforia de brincar com fogo, de se vestir de matuto ou matuta, de dançar quadrilha, de concorrer ao título de Rei e Rainha do Milho... A jovem, pela expectativa de tirar a sorte amorosa, nas inúmeras simpatias e adivinhações, de dançar quadrilha e forró... Os adultos pelas delícias gastronômicas da culinária junina, do forró nos arraiais... Os mais idosos, pelas músicas consagradas de Luiz Gonzaga, pelo colorido da festa...
Não importa muito se o arraial está em Caruaru (PE) - o maior São João do Brasil – em Campina Grande (PB) – o maior São João do Mundo – ou, ainda, numa ruela de periferia da cidade grande.... Importa, sim, que não faltarão alegria, fogos, comidas típicas e muito forró para festejar os santos joaninos.



Referências Bibliográficas
* LIMA, Cláudia Maria de Assis Rocha . História Junina. Recife
* SOUTO MAIOR , Mário e VALENTE Waldemar. Antologia Pernambucana de Folclore. 1988 – Ed. Massangana. FUNDAJ.
* SILVA, Leny de Amorim. O ciclo Junino e seus Santos. Na Antologia Pernambucana de Folclore. Pág 151.
* BONALD NETO, Olympio. Bacamarteiros. Na Antologia Pernambucana de Folclore. Pág 215.
* SILVA, Leonardo Dantas. O Cancioneiro do Ciclo Junino. Folclore 251. Recife. Junho, l998. FUNDAJ
* PHAELANTE. Renato. Baião 50 anos de estrada. Folclore 233 . Recife. Julho, 1996. FUNDAJ.
* ROCHA. José Maria Tenório. Danou-se! As Quadrilhas Atuais Tomaram um Verdadeiro Banho de Americanização. Folclore 241. Agosto, 1997. FUNDAJ.


Texto escrito para a revista on-line Jangada Brasil - Ano IV - nº 46 - jun/2002
http://www.jangadabrasil.com.br/junho46/fe46060a.htm


www.usinadeletras.com.br 08/06/2002

sexta-feira, 22 de maio de 2009

CALEIDOSCÓPIO



CALEIDOSCÓPIO
Thelma Regina Siqueira Linhares

Vivo, reflito e reinvento
As cores e formas
Da própria vida.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

54 x 54



54 x 54
Thelma Regina Siqueira Linhares

54
Século passado
sim à vida. Cearense.
5 + 4 = 9
recifense de coração.
Nove fora: zero
... família incompleta...
... final de infância.
54 x 54
Adolescência...
Juventude...
Metamorfoses.
54 espelhado 45
vida adulta, então.
54 x 54
Buscando maturidade,
cotidianamente.

Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - 54º volume - CBJE

domingo, 17 de maio de 2009

MACACADAS NO ZOO


MACACADAS NO ZOO
Thelma Regina Siqueira Linhares

Rodrigo devia ter uns quatro anos.
Estava fascinado com os bichos do Horto de Dois Irmãos, zoológico da cidade do Recife.
Cada espaço visitado aguçava a curiosidade do garoto. Leões. Onças. Búfalos. Hipopótamos. Macacos. Jacarés. Cobras. Tartarugas. Araras. Emas.... Pareciam sair de livros!
De repente, um grande susto! Fugindo de uma ilhota, existente no lago do parque, surge um macaco que, aos gritos, corre atrás do menino, também, aos berros, até escalar e... se esconder em uma das muitas árvores do zoológico.
Para sossego do menino e de sua família.

www.usinadeletras.com.br em 25/05/2002

sábado, 9 de maio de 2009

A LITERATURA DE CORDEL É COMUNICAÇÃO - uma entrevista


Banca de Folhetos do Sr. Nado na Feira de Gravatá/PE

A LITERATURA DE CORDEL É COMUNICAÇÃO
Thelma Regina Siqueira Linhares

Por: Rodrigo Capella*

Thelma Regina Siqueira Linhares
A Literatura de Cordel veio ao Brasil, juntamente com os portugueses, que utilizavam os manuscritos para propagar idéias. Mas, só alguns anos mais tarde - é difícil se precisar a data -, esse tipo de expressão artística se fixou no Nordeste, tornando-se um forte elemento cultural da região.
Para desvendar essa literatura, que tem uma oralidade tão particular, o Caleidoscopio.art conversou com a pesquisadora Thelma Siqueira Linhares, que já teve vários trabalhos publicados pela Fundação Joaquim Nabuco.
Durante a conversa, Thelma destacou quais são as características da Literatura de Cordel; disse que ela está muito representada em estados como Alagoas, Ceará e Pernambuco; e afirmou que esse tipo de expressão artística deveria ser mais valorizado no Brasil. Acompanhe os principais trechos da entrevista:

Rodrigo Capella: Podemos dizer que a Literatura de Cordel tem características próprias?
Thelma Linhares: A Literatura de Cordel é comunicação. Expressão maior da cultura popular. Inicialmente, só oralidade. Com o passar dos séculos, impressa, sem jamais fugir de suas origens. Justificando as diferenças entre poeta popular (o artesão da palavra), o cantador (atende ao mercado, fazendo uso de qualquer estilo) e o repentista (o que improvisa, aceita desafios. Geralmente trabalha em dupla, fazendo-se acompanhar por viola ou pandeiro). O nome Literatura de Cordel foi introduzido na década de 70, do século passado, em alusão ao cordão (cordel) onde os folhetos eram expostos para venda. Materialmente, o folheto é simples e obedece um padrão motivado pelo barateamento dos custos: uma folha de papel jornal, dobrada em quatro, 8 folhas com o texto impresso. Quanto ao número das estrofes, as mais comuns são: sextilhas(estrofes de seis versos), septilhas (com sete linhas), décimas (com dez versos). Freqüente, o martelo agalopado e o folheto que gira em torno de um mote. A capa, com a impressão da xilogravura, em geral é no papel colorido, para realçar o preto da imagem gravada. Dependendo do tema versado, pode definir uma classificação: fatos e acontecimentos reais, de Lampião, religiosas (Padre Cícero e Frei Damião), da seca, etc. O número de páginas, pode ser enquadrado no folheto propriamente dito ou romance (maior número de página).

RC: Em quais regiões do Brasil a poesia de Cordel tem mais força? Por quê?
TL: A Literatura de Cordel hoje, como no passado, tem mais força na Região Nordeste. Em especial, nos Estados de Alagoas, Ceará (Barbalho, Crato, Juazeiro do Norte), Paraíba (Campina Grande, Guarabira, João Pessoa) e Pernambuco (Bezerros, Caruaru, Condado, Goiana, Recife e Olinda). Nesses Estados vivem ou editam os poetas populares e os xilógrafos, que produzem as capas dos folhetos e romances. São Paulo, por concentrar um número grande de migrantes nordestinos, também, pode ser considerada pólo de irradiação da Literatura de Cordel. E por que isso aconteceu e ainda ocorre? A vida do campo, com suas peculiaridades, belezas e tragédias foram e são fontes de inspiração para o poeta popular. Uma população quase sempre analfabeta ou semi-analfabeta, com poucas opções de lazer e entretenimento, favorece a presença da Literatura de Cordel, embora, consenso, esse público tradicional vem se transformando ao longo de décadas e do mote "da morte anunciada e próxima do folheto", por causa da popularização de outras mídias: o jornal, o rádio, a televisão e, mais recentemente, o computador e a internet. Felizmente, o que se observa é a presença da Literatura de Cordel nessas mídias de massa, nos eventos culturais, feiras de artesanato e Congressos diversos. São temas de estudos acadêmicos e de pesquisas científicas, no Brasil e no exterior. Apresenta uma capacidade de renovação. As novas gerações de poetas populares, de cantadores e repentistas provam sua forçarevigorada.

RC: Em sua opinião, a poesia de Cordel deveria ser mais valorizada? Por que?
TL: Com certeza! Porque a Literatura de Cordel é comunicação e poesia. Também é arte. Abre espaço para um número de profissionais envolvidos no processo: o poeta (que escreve), o xilógrafo (que cria as capas), o gráfico (que imprime os folhetos), o folheteiro (que vende). Muitas vezes, essas funções estão concentradas na mesma pessoa. Músicos, atores, jornalistas, professores, escritores são outros profissionais que podem utilizar a literatura de cordel, enriquecendo suas atividades. A função jornalística e educativa do folheto não pode ser minimizada. Como não lembrar A Triste Partida do grande Patativa do Assaré, imortalizada na voz de Luiz (Lua) Gonzaga? Como não citar Paisagem do Interior, declamada por Jessier Quirino? Só para citar dois exemplos, em épocas diferentes.
RC: Quais cordelistas se destacam atualmente e por quê?
TL: Antecipadamente, peço desculpas pela omissão de muitos e muitos nomes, não citados, que, com certeza, renovam e valorizam a Literatura de Cordel. Os nomes aqui escolhidos, escrevem há décadas. Perderam a conta de quantos folhetos produziram. Estão sempre antenados aos fatos e acontecimentos do cotidiano, sem esquecer do imaginário, do consciente coletivo. Dos causos e temas encantados. Abraão Batista. Vive no Juazeiro do Norte/CE. Cordelista e xilógrafo. Em 2005 publicou uma trilogia sobre os escândalos políticos do país. Presente a eventos, feiras de artesanato e congressos. Dilá. Vive em Caruaru/PE. Xilógrafo e cordelista. Borges. Vive em Bezerros/PE. Xilógrafo e cordelista. Participa de feiras de artesanato, congressos e eventos culturais. José Costa Leite. Condado. Goiana/PE. Cordelista e xilógrafo. Vende, semanalmente, nas feiras de Itambé e Itabaiana. Stênio Diniz. Juazeiro do Norte/CE. Xilógrafo e cordelista.

(*) Rodrigo Capella é poeta, escritor e jornalista. Autor de vários livros, entre eles, "Transroca, o navio proibido", que vai ser adaptado para os cinemas pelo cineasta Ricardo Zimmer. Informações: www.rodrigocapella.com.br


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domingo, 3 de maio de 2009

DIA DE CÃO OU DIA DE GATO?


DIA DE CÃO OU DIA DE GATO?
Thelma Regina Siqueira Linhares

Sthella sempre quis criar gatos. O maior sonho dos seus cinco/seis anos foi, temporariamente, realizado.
Por uma semana, criou um gatinho amarelo e branco. Chamou-o de Miúcha. Deu-lhe muito colo. Tirou várias fotos.
Após muita argumentação do pai e da mãe, concordou em doá-lo para Dulce, irmã de vovó Dinha que, sempre gostou muito de felinos. Tendo sempre notícias dele - na verdade, um macho, que lá recebeu o nome de Brilhante.
Tempos depois, numa noite, um filhote cinza cruzou seu caminho e foi trazido para casa.
Acordando bem cedo, não encontrou o gatinho, que fugiu durante a noite...
Muita tristeza. Muito choro. Olhos inchados por horas.
Conclusão: a menina passou um dia de cão... por causa de gato.

www.usinadeletras.com.br 25/05/2002

sexta-feira, 1 de maio de 2009

VIDA DE TRABALHADOR


VIDA DE TRABALHADOR
Thelma Regina Siqueira Linhares

Trabalho
Trabalhador
dor
alhos e bugalhos
No dia a dia do operário.

Livro Diário do Escritor 2004 - Editora Litteris - RJ

segunda-feira, 27 de abril de 2009

NO MESMO BARCO


NO MESMO BARCO
Thelma Regina Siqueira Linhares

Num espaço físico comum
sofrimentos do corpo e da alma
irmanam desconhecidos.

Recife, nov/2008
http://www.poesias.omelhordaweb.com.br/index.php?cdPoesia=19464

domingo, 26 de abril de 2009

HOJE UM SONHO ACORDOU EM MIM...


HOJE UM SONHO ACORDOU EM MIM... (*)
Thelma Regina Siqueira Linhares

Hoje um sonho acordou em mim...
Veio com os primeiros raios solares
e, à medida que em que as horas passavam,
mais claro e forte ficava.
Amadurecia.
Quando num toque sonoro
alegre despertei.

(*) Poema publicado no livro virtual NA GARUPA DO SONHO, da Oficina de Criação, do site www.educarede.org.br

www.usinadeletras.com.br em 26/03/2005

sexta-feira, 24 de abril de 2009

EXTRA!?...


EXTRA!?...
Thelma Regina Siqueira Linhares

Fome.
Violência.
Poluição.
Discriminação.

E X T R A !
Velhas mazelas do Planeta Terra
aprisionadas
no século XX!

Acordei...


www.usinadeletras.com.br em 06/10/2006

domingo, 19 de abril de 2009

LAMENTO DE PAZ


LAMENTO DE PAZ
Thelma Regina Siqueira Linhares

Paz!

O mundo precisa de paz
entre povos e nações
entre irmãos.

Paz
- lamento que não pode calar! -
ainda que sufocada
ainda que bombardeada
dilacerada
mutilada...
Paz
lamento
este lamento de paz.

www.usinadeletras.com.br em 22/03/2003

sábado, 11 de abril de 2009

DESCAMISADO DA PAZ


DESCAMISADO DA PAZ
Thelma Regina Siqueira Linhares

Por que é difícil
a PAZ?!...

Alguns a ensinaram.
Outros a viveram.
Tantos nos deixaram
seu legado
seus ensinamentos
seus caminhos.

Por que o ser humano
insiste
em não vestir
a camisa da PAZ,
sempre?!...

www.usinadeletras.com.br em 30/03/2003

quinta-feira, 9 de abril de 2009

EU QUERO PAZ!


EU QUERO PAZ!
Thelma Regina Siqueira Linhares

Eu quero paz!
Paz
Para um mundo melhor
Mais humano
Mais fraterno.

Eu quero paz!
Paz
Para a humanidade
Respeitando seus direitos
Vivenciando seus deveres.

Eu quero paz!
Paz
Pacificamente.
Pacientemente.

www.usinadeletras.com.br em 07/09/2003

quinta-feira, 2 de abril de 2009

DOIS ERRES



DOIS ERRES
Thelma Regina Siqueira Linhares

Jogar bola todo dia.
Vídeo-game, dominó.
Futebol de botão.
Figurinhas.
Vida de meninos.
Crescendo.
Aprendendo.
Amadurecendo.

Dois erres na minha vida:
RODRIGO - filho da barriga.
RAIMUNDO - do coração.

www.usinadeletras.com.br em 27/01/2002

segunda-feira, 30 de março de 2009

ESTRELA MAIOR


ESTRELA MAIOR
Thelma Regina Siqueira Linhares

Já se vão doze anos
que uma estrela
se mudou do céu
e pro nosso lar
chegou.

Em forma de menina
traquina
que sempre nos fascina
e ilumina.
STHELLA.
Estrela.
Teluca.

www.usinadeletras.com.br em 27/01/2002

domingo, 22 de março de 2009

SER DO SÉCULO PASSADO


SER DO SÉCULO PASSADO
Thelma Regina Siqueira Linhares

Sou do século passado.
Tenho pensado muito nisso.
Pra mim ainda não pesa
Já que só me pesam os anos.

Sou do século passado...
Essa máxima tenho projetado
Num futuro, hoje, longínquo
Quando os filhote sentirem
Que além dos anos
Idos e vividos
Pesarem
- E como pesarão -
Ser do século passado.

www.usinadeletras.com.br em 21/09/2003

domingo, 15 de março de 2009

MON PETIT CHIEN


MON PETIT CHIEN
Thelma Regina Siqueira Linhares

Nasceu Gugu
e assim chegou para nós.
Bebê, ainda,
metade do tamanho do adulto que ficou.
Bolinha felpuda.
Albino.
O focinho - botãozinho marrom -
e os olhos esverdeados
chamavam atenção.
Logo foi batizado:
TICO.
Tiquinho...
Ser o menino de mamãe
demorou um pouquinho
porque, entre seus medos,
o de caninos.
Há uma década.
E uma década é muito tempo prá cachorro,
literalmente.
Problemas de saúde já são vários...
e uma certeza:
Tico é
e sempre será
mon petit chien!
Mon petit chien de mère...

quarta-feira, 11 de março de 2009

QUESTÕES DE GÊNERO E FOLCLORE


QUESTÕES DE GÊNERO E FOLCLORE (*)
Thelma Regina Siqueira Linhares (**)


Com o aparecimento do primeiro homem e da primeira mulher, as especificidades de gênero vêm sendo construídas e reconstruídas ao longo das diferentes culturas e sociedades humanas. Mas foi no último século, caracterizado por novos conhecimentos científicos, uma infinidade de invenções tecnológicas e um cem número de transformações sócio-culturais, que as relações de gênero começaram a ser questionadas, desequilibrando o status quo, do relacionamento homem-mulher no planeta Terra. E, assim, interferindo, modificando e reinventando a própria história da humanidade.

O tema desta micromonografia foi escolhido a partir da evolução observada nos absorventes higiênicos. Das toalhinhas higiênicas e dos primeiros absorventes presos em cintos com presilhas e calcinhas plásticas, da década de 70 aos atuais absorventes, aderentes, com ou sem abas, anatômicos, fininhos, seguros, há um passo largo em prol da higiene e da comodidade feminina, inegavelmente. E, como uma coisa puxa outra, a curiosidade de pesquisar o universo do folclore feminino foi aguçada. Como mulheres vivenciam conceitos e preconceitos assimilados em outras etapas de vida? Como tabus, superstições e crendices são incorporadas pelas jovens da era da informática? Como e o que, desse rico conteúdo folclórico, serão absorvidos pelas gerações futuras?

Na expectativa de encontrar respostas para esses e outros questionamentos, foi iniciada uma pesquisa bibliográfica e de campo, no ano de 2002. Os primeiros dados coletados permitiram uma versão preliminar publicada na revista on line Jangada Brasil,
nº 44, em abril de 2002, com o título de Coisas de Mulher e Folclore. (www.jangadabrasil.com.br). Destaque especial para as superstições e crendices ligadas à fertilidade feminina. Menstruação, gravidez, enjôo, sexo do bebê e parto foram temas abordados e exemplificados, então.

Agora, o tema em foco é retomado em um novo texto, revisto e ampliado, objetivando uma abordagem folclórica mais detalhada e definida nas relações de gênero. Para direcionar didaticamente esta micromonografia, foram consideradas as diferentes fases da fisiologia feminina a saber: menina, menina-moça e mulher.
Fica disponibilizado, por tempo indeterminado, o e-mail folcloremulher@bol.com.br para eventuais colaborações, sugestões e críticas. Sempre bem-vindas!

Menina
A infância teve tratamento especial no século XX, objetivando minimizar distorções, garantir direitos, assegurar cidadania, embora, ainda, muito a construir. O Estatuto da Criança e do Adolescente e os Conselhos Tutelares são alguns dos instrumentos políticos que revelam um novo olhar a esse segmento da vida humana. E sob o amparo legal.

No contexto social do ambiente familiar, quanta transformação! Cabia à mulher
– mãe, babá e, anteriormente, mucama – a socialização dos fatos folclóricos e do saber socialmente necessário às novas gerações, em seus primeiros anos de vida. Com a modificação dos papéis sociais da mulher-mãe, agora mão-de-obra responsável, também, pelo sustento e sobrevivência da família, é a escola de Educação Infantil (antigo pré-escolar) e a de Educação Fundamental (antigos 1º e 2º graus), que cabe tal função social. Incluir em suas atividades pedagógicas cotidianas a prática das brincadeiras populares, por exemplo, como componente socializador de meninas e meninos, é uma medida eficaz para o aprendizado do folclore entre as crianças brasileiras. E, assim, novas relações sociais vão sendo estabelecidas, novos conceitos e saberes vão sendo construídos.

Usar roupas de cor rosa, só no enxoval da menina. Brincar de casinha e utensílios do lar, artesanalmente feitos ou produzidos em indústrias. Panelinhas de barro, miniaturas de aparelhos domésticos, industrializados, às vezes, com funções reais disponíveis. Boneca de pano – as antigas e populares bruxinhas – as variadas versões da Barbie e todos os seus sonhos de consumo. São alguns exemplos da vivência do folclore na fase mulher-menina. Os bonecos de super-heróis, másculos e viris, ficam para os meninos... Dentre as brincadeiras populares próprias do sexo frágil, figuram: pular amarelinha ou academia, corda, elástico (popularizado na década de 90), passar anel e brincar de roda. Histórias da carochinha, bruxas, fadas e príncipes surgem na infância e acompanham os sonhos da menina-moça e, às vezes, até as fantasias da mulher madura, vida à fora. Soltar papagaio ou pipa, ainda, é tabu entre as meninas. Como jogar bola de gude e soltar pião. Jogar futebol, aos poucos, vem quebrando resistências, incentivado por seleções femininas mundiais, inclusive, nacionais. Afinal, somos penta-campeões masculinos de futebol e derrubar preconceitos é preciso. Jogar capoeira, tocar instrumentos de percussão já refletem alguma mudança de comportamento da relação homem/mulher, pela crescente popularização entre meninas e jovens, em especial, na periferia das cidades.

Menina-moça
O corpo da menina, mais cedo que no menino, passa a sofrer transformações. A puberdade começa e, em breve, dá lugar à adolescência. Rebeldia. Transgressões sociais. Novas descobertas. Tudo tem a ver com a adolescência que quer, logo logo, definir e ocupar seu lugar no mundo. É a época, inclusive, do surgimento de cravos e espinhas – o terror da menina-moça. Para acabar com esse mal, duas receitas, dizem, infalíveis: passar na área afetada pela acne, a primeira urina do dia ou o mênstruo do primeiro dia da menstruação. Em ambos os casos, deixar agir por alguns minutos, lavando com bastante água e o sabonete de uso diário. Repetir uma ou outra receita até atingir os objetivos... Recomendado, igualmente, para os adolescentes, no caso da primeira urina.

A virgindade, tabu de milênios e posta em cheque há algumas décadas, com a liberação feminina e o advento da pílula, entre outros, tem seu quinhão folclórico, também. Um método, inquestionável de provar a virgindade da donzela: pegar um cordão, cujo tamanho é obtido pelo dobro da medida do seu pescoço. Segurando as duas pontas do cordão nos dentes, tentar passá-lo pela cabeça. Se não conseguir, a jovem, ainda, é virgem.

Talvez, nessa fase biológica da mulher, a prática das superstições de caráter amoroso do ciclo junino sejam mais comuns. Especialmente, no dia dos namorados, véspera de Santo Antônio, o santo casamenteiro celebrado a 13 de junho, jovens namoradeiras, mal-amadas ou encalhadas, buscam desvendar em adivinhações, crendices e superstições diversas, o futuro amoroso que as aguardam. Rezando, lentamente, a oração Salve Rainha, deixa-se pingar a vela num prato ou bacia, virgem, com água, até “mostrai-nos!”. A letra que for formada será a primeira letra do futuro namorado, quiçá marido de um amor eterno.

Mulher
A mulher, especialmente, pós século XX, jamais será a mesma. Sua posição e papéis sociais foram, sensivelmente, modificados na maioria das sociedades humanas. No mínimo, um ouvir falar, documentado e propagado pelas antenas dos meios de comunicações, cada vez mais modernos, rápidos e globalizados. Muitas foram as invenções colocadas a seu dispor e que tiveram como conseqüência a evolução/revolução do seu papel sócio-cultural, até então, de sexo frágil. Absorvente, pílula anticoncepcional, camisinha, inclusive, feminina. AIDS. Mini-saia, silicone, carro, celular, aparelhos domésticos. Igualdade de direitos ao homem, garantida pela Constituição. Trabalho fora. Estudo. Direito à escolha do companheiro, divórcio, inseminação artificial, produção independente, desestruturação familiar. Pequenos ou grandes fatos que permitiram à mulher assumir novos e outros papéis na sociedade, além daquele milenar, de mãe e dona de casa, já sacramentados em todas as sociedades, desde o aparecimento da humanidade e a especificidade de gênero.

Algumas questões de gênero refletidas em diferentes manifestações folclóricas:

Gírias
O período menstrual recebe vários nomes, dependendo, inclusive, da classe social e faixa etária da mulher: boi, tá de boi, bezerra, Chico, estar com regra, incomodada, regrada, estar doente, mulher doente, estressada, nervosa e, mais recentemente, TPM.

Mitos e Tabus
Dar um filho ao marido, ser responsável pela concepção ou não de um novo ser, ter mais dever que prazer sexual, etc., permanecem como coisas de mulher.
Estar sempre “pronto” para o ato sexual, se preocupar com o “tamanho dos documentos”, fazer parte da natureza masculina, etc., continuam entendidas como coisas de homem.

Tabus Alimentares
Mulher grávida se comer "banana-gêmea" terá filhos gêmeos.
Ovo batido por mulher grávida cresce mais.
Ovo batido por mulher menstruada não cresce.

Crendices e Superstições
À mesa, caindo um talher, chegará uma visita próxima. Se for um garfo será um homem, se for uma faca, mulher. Também, quando se bota na mesa uma xícara de um tipo e o pires de outro, não se deve aceitar, para não ser mal-casado(a).

Frases feitas / Ditados Populares
Com mulher de bigode, nem o diabo pode.

Em casa que mulher manda, até o galo canta fino.
Entre marido e mulher, não se mete a colher.
Marido de mulher feia não gosta de feriado.
Mulher alheia é como árvore, só dá galho.
As três melhores coisas da vida: cerveja gelada, boi na invernada e mulher pelada.
As três piores coisas da vida: cerveja quente, boi doente e mulher da gente.
Mulher macho, nem o diabo pode.

Legendas de caminhão
Mulher bonita na beira da estrada é como música de carnaval, fácil de ser cantada.
Mulher de amigo meu é que nem cebola: eu como chorando.
Mulher de casa é igual a galinha de granja: gorda e sem gosto.
Mulher e cachaça em todo lugar se acha.
Mulher e café, só quente.
Mulher é como caju que se aproveita até o caroço.
Mulher é como parafuso, que tem cabeça mas não pensa.
Mulher feia e cheque sem fundo, protesto.
Mulher feia e frete barato eu não carrego.
Mulher feia e urubu comigo é na pedrada.
Se mulher fosse dinheiro havia muita nota falsa.
Coração de mulher é igual a lotação: sempre cabe mais um.

Piadas
Mulher tem que saber contar só até seis, pois não existe fogão de sete bocas.
Sabem quando a mulher vai ganhar seu lugar ao sol? Quando inventarem cozinha com teto solar!

Conclusão:
As questões de gênero são construídas através das muitas instituições sócio-culturais que compõem uma dada sociedade, entre elas, o folclore. Estão sujeitas à aculturação e apropriação de conhecimentos, à dinâmica de construção e evolução de saberes, à definição e reestruturação de status e papéis sociais, inclusive. Estão carregadas de uma forte dose de preconceitos, tabus e discriminações contra a mulher e a favor do homem, largamente difundidas ao longo de milênios da história da humanidade, refletidas no pensar, sentir e agir do povo. No aqui e agora, as relações sociais entre sexos encontram condições favoráveis para serem revistas, ampliadas, transformadas, retificadas ou ratificadas, conseqüentemente, tornam-se mais dinâmicas e mutáveis, neste começo do século XXI.
Fazendo parte do que é construído histórico-social e culturalmente e, não simplesmente, determinada pela natureza humana, as relações de gênero possibilitam a sua própria construção e reconstrução cotidianamente. Pela educação. Pela cidadania.


Referências Bibliográficas:
CASCUDO. Luis da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro.
MELLO. Luiz Gonzaga de. Mulher, Comparação e Machismo. FUNDAJ. Folclore 163.
SOUTO MAIOR. Mário. Os Mistérios do Faz-mal. 20-20.
LINHARES. Thelma Regina Siqueira. Coisas de Mulher e Folclore. Jangada Brasil.
nº 44. abril/2002. (www.jangadabrasil.com.br)

(*) Publicação FUNDAJ - Fundação Joaquim Nabuco. Série FOLCLORE, nº 305, Agosto/2005. Recife/PE.
(**) Professora e Pesquisadora de Folclore.

www.usinadeletras.com.br em 04/09/2005