quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

CONVERSAS DE GUARDA-CHUVAS


CONVERSAS DE GUARDA-CHUVAS
Thelma Regina Siqueira Linhares

Unidos Venceremos e Perpétua estavam bem satisfeitas. Afinal, após um longo verão, estava na hora de sair do guarda-roupa e ganhar às ruas da cidade. Voltar à ativa. Viver e conviver com as pessoas naquele novo período chuvoso.
E como gostavam da chuva! Fininha ou aguaceiro. Quase sempre gelada. Acompanhada de brisa ou de ventos de virar cabeça - haste - de sombrinha...
Unidos Venceremos, mais sociável, gostava de abrigar muita gente a sua volta. Lembrou que numa assembléia de sindicato, ocorrida na praça, abrigou cinco pessoas, todas atentas aos discursos políticos e participativas. Naquela ocasião se sentiu importante inserido aquele contexto político-social, até votou numa das questões, saltitando entre as cabeças dos trabalhadores. A gloria!
Perpétua é mais tímida e retraída. Costuma abrigar uma só pessoa. Mas o faz com muita responsabilidade, dificultando que se encharque na chuva benfazeja.
Outro dia, os dois confessaram num bate-papo informal, que, apesar da função social importante que têm, gostariam, sim, de ter seus momentos de folia, de sombrinha de frevo, levando equilíbrio e alegria ao passista feliz em pleno carnaval.

(*) www.usinadeletras.com.br (21/09/2003)

sábado, 14 de fevereiro de 2009

AMOR DE CARNAVAL


AMOR DE CARNAVAL (*) (prosa)
Thelma Regina Siqueira Linhares

Era mais uma vez carnaval. Noite de carnaval. Última noite do reinado de momo daquele ano. (1982)
No clube, a orquestra tocava os primeiros acordes do Vassourinhas, hino oficial do carnaval pernambucano. E os foliões ensaiavam os passos na derradeira noite de folia, que prometia muita animação.
Fantasiados ou não, todos esperavam viver horas de alegria, entregues aos ritmos frenéticos do frevo, do maracatu, do caboclinho, do samba e das marchinhas - afinal, o carnaval pernambucano sempre foi muito rico e versátil, possuindo diferentes formas de se manifestar.
Ela, naquela noite, tinha caprichado.
Dançava.
Cantava.
“Tantos risos. Oh! Quanta alegria! Mais de mil palhaços no salão...”
De repente, seus olhos encontraram outros olhos.
E entre uma música e outra, os dois estavam brincando juntos. Muito suor. Alguma cerveja. E um carnaval pra lembrar.
Na quarta-feira de cinzas, a quarta-feira ingrata não foi. Marcaram de se encontrar. E se encontraram. E, ainda hoje, partilham da vida e de lembranças, de um carnaval que já se foi e se fez em quatro.

(*) publicado em www.usinadeletras.com.br 2003

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

AMOR DE CARNAVAL


AMOR DE CARNAVAL
Thelma Regina Siqueira Linhares

Quem disse que amor de carnaval é fantasia?
O deles já conta uma história.
Ele e ela se encontraram.
E se encantaram.
Sem máscaras.

Quem disse que amor de carnaval é passageiro?
O deles já floresce há alguns fevereiros.
E dois rebentos desenvolvem-se...
Sem pressa.